domingo, 3 de julho de 2011

viste-me


Um dia viste-me. Viste-me mas eu não te vi. Viste-me a mim e lembraste de tudo. Lembraste de tudo melhor do que eu. Viste-me mas não te vi. Não naquele dia. E no fim daquele dia desapareceste da minha memória. Desapareceste para apareceres dias depois. Apareceste e não saíste mais. Porque me viste naquele dia e eu passei a ver-te também.
Hoje já não nos vemos mais. Estamos longe. Não sei quando te vou voltar a ver, nem tu a mim. Mas isso não importa mais porque guardei-te bem no meu coração antes de nos despedirmos. Guardei-te e sei que também me guardaste. Guardaste-me a mim e a todas as lembranças de mim. Pegaste em tudo e guardaste numa caixinha dentro do teu coração. E sei que de vez em quando, num momento de saudade abres essa caixinha e me deixas sair cá para fora. E é como se eu tivesse ao teu lado de novo. E tudo volta de novo, como antes, só naquele momento, só nós. Eu sei que o fazes, assim como eu o faço. Quando preciso de ti e não posso te ter ao meu lado, quando a saudade é maior que tudo, quando ainda algo que pode ser tão insignificante para o mundo me lembra de ti. Então eu abro essa caixinha onde te guardei e é como se tivesses ao meu lado a segurar-me a mão sem nunca a largar, com os teus braços na minha cintura, como se eu pudesse sentir o teu coração a bater na minha mão, como se pudesse ouvir a tua respiração no meu ouvido como a minha canção de dormir, como se te pudesse ouvir de novo sussurrar ao meu ouvido ‘o mundo é só nosso’. Volta tudo de novo. Deixo-te abanares o meu mundo mais uma vez, como só tu o sabes fazer. Ficas ao meu lado mas depois volto a fechar-te na caixinha e guardo-a bem no meu coração, como tu o fazes também. Porque somos perfeitos um para o outro como só nós os dois entendemos. Mas não somos feitos um para o outro. Não o somos porque há um mundo lá fora que teima em nos separar, uma distância que torna tudo mais complicado, há um ‘tudo’ que sempre se meteu no meio de nós. Por isso crescemos e tomamos caminhos diferentes. Mas temo-nos de uma maneira que só nós os dois entendemos. Hoje deixei-te sair da caixinha. Sinto-te aqui comigo sabes? Sinto que apesar de tudo és tu que me ajudas, todos os dias. Por tudo aquilo que me deste e que eu te dei, por todas as lembranças e sentimentos que ninguém nos pode tirar. Temo-nos de uma maneira que só nós os dois entendemos. 
carolina

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